Fim de ano chega e muita gente se pergunta: o que fazer com o dinheiro do 13° salário? Entre pagar as dívidas, comprar uma viagem de férias e gastar tudo com presentes de Natal, uma opção a ser considerada é fazer um aporte na previdência privada. Mas vale a pena deixar esse dinheiro nos fundos de previdência?
Como 13° salário é pago?
O 13° salário é pago em até duas parcelas, segundo a legislação trabalhista vigente. A primeira corresponde a 50% do valor total do benefício, sem descontos. A segunda parcela inclui os descontos de INSS e Imposto de Renda, quando aplicáveis.
Esse pagamento é feito da mesma forma que o salário do profissional, variando de acordo com o método escolhido no momento de sua contratação. Pode ser feito em sua conta salário, por portabilidade, Pix, transferência ou ainda dado em espécie pelo empregador.
O que fazer com o dinheiro?
“Investir o 13º salário em previdência privada pode ser uma alternativa, sobretudo, para quem deseja garantir maior segurança financeira na aposentadoria”, avalia Eduardo Rahal, analista-chefe da Levante Inside Corp.
Para o especialista, o principal benefício de investir o 13º salário em previdência privada está na disciplina financeira que essa escolha promove, ajudando a evitar gastos impulsivos, ainda mais no fim de ano, quando pipocam ofertas para o Natal e Réveillon.
Há, ainda, vantagens fiscais significativas: no caso do PGBL, é possível reduzir a base de cálculo do Imposto de Renda, gerando economia imediata; no caso de ambos os planos, a tributação regressiva de longo prazo pode reduzir a alíquota para apenas 10% após 10 anos. Esse investimento também aproveita o efeito dos juros compostos, potencializando o crescimento do patrimônio ao longo do tempo.
Priorize as dívidas
É preciso estar atento a algumas situações antes de colocar seu 13° salário na previdência privada. Pense que esse dinheiro só vai (ou deveria) ser resgatado nos próximos dez anos ou mais, para que o rendimento tenha valido a pena. Por isso, é preciso saber se não há outras urgências a sanar, principalmente as dívidas.
“Boa parte da população está endividada, portanto, antes de investir, o que a pessoa deveria priorizar, como no caso do 13° salário, é reduzir os seus débitos”, explica Jarbas Thaunahy Santos de Almeida, docente de finanças da Strong Business School. “Entre as dívidas que o brasileiro mais contrai está a do cheque especial. E, a partir do próximo ano, os juros da economia devem subir, podem passar de 12%. Se as pessoas não começarem a reduzir o endividamento, com os juros mais elevados, a tendência é que a dívida fique ainda maior.”
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Escolha o plano
Rahal lembra que antes de destinar a renda extra para a previdência privada e quitar as dívidas impactadas pelos juros elevados, é importante que o investidor avalie o seu orçamento disponível, garantindo que as despesas de fim de ano estejam cobertas.
“Caso a situação financeira esteja em ordem, o próximo passo é escolher o plano de previdência mais adequado às próprias necessidades. O PGBL é ideal para quem faz a declaração completa do Imposto de Renda, pois permite deduzir até 12% da renda bruta anual, reduzindo o imposto a pagar. Já o VGBL é mais indicado para quem faz a declaração simplificada ou está isento, já que a tributação no resgate incide apenas sobre os rendimentos”, explica o analista-chefe da Levante Inside Corp.
Contribuições feitas até o final do ano podem ser consideradas na declaração do IR no ano seguinte, o que oferece um benefício fiscal imediato, especialmente no caso do PGBL. Se a ideia é investir a longo prazo, planos mais arrojados com exposição à renda variável podem trazer melhores retornos, enquanto os mais conservadores são adequados para aqueles que estão mais próximos da aposentadoria.
Avalie os riscos
Fernando Camargo Luiz, gestor da Trópico Investimentos, reforça que os planos de previdência têm o objetivo de formar ‘poupança’ de longo prazo. “Os recursos alocados não podem correr riscos desnecessários que, muitas vezes, levam à perda considerável do patrimônio. Portanto, é preciso prudência.”
O gestor da Trópico Investimentos lembra que os fundos de previdência disponíveis no mercado variam em termos de risco e estratégia. E é preciso estar atento na hora fazer a opção. “Apesar de mais de 60% do volume estarem aplicados em títulos públicos, uma parte considerável — quase 30% do patrimônio destas instituições — é destinada a papéis de renda fixa. O restante se divide entre ações e outros ativos”, diz Luiz.
“Mesmo sendo um bom ativo de longo prazo, é preciso tomar cuidado com este tipo de exposição. A performance do rendimento vai depender da escolha do que vai compor a carteira”, reforça o gestor Fernando Camargo Luiz.