
Jogo Detetive vira peça de teatro e conquista geração Z nos EUA
No dia 9 de maio, no bairro de Fresh Meadows, em Queens, Nova York, Mister Boddy foi encontrado morto no palco da Francis Lewis High School. Um coro de suspiros ecoou no teatro quando as luzes do palco se acenderam novamente. Seu corpo inerte estava ali, enquanto seis estranhos convidados de um jantar, cada um com um motivo e uma arma letal correspondente, tentavam descobrir o assassino.
Seria a Sra. Peacock, empunhando sua adaga para manter em segredo os subornos feitos em nome de seu marido senador? Ou seria a Sra. White, usando uma corda para esconder um escândalo envolvendo seu falecido marido (ou os últimos cinco ex-maridos falecidos)? Talvez fosse o Professor Plum, armando seu revólver para esconder uma carreira vergonhosa como ex-médico duvidoso?
Em poucos minutos, risos contidos se espalharam pela plateia enquanto um dos personagens espirituosos fazia piadas, revelando uma sagacidade familiar sobre o material famoso.
Durante o próximo ano letivo, plateias em todo o país vão alternar entre o suspense e o riso em mais de 170 apresentações em escolas secundárias, graças à popularidade de um roteiro licenciado pela Broadway Licensing Global (BLG).
Baseada no filme da Paramount de 1985, que por sua vez foi inspirado no clássico jogo de tabuleiro da Hasbro, a adaptação teatral de “Detetive” ou “Clue”na versão original conquistou a atenção sempre volátil da Geração Z, uma faixa etária nascida muito depois da estreia do filme.
“Clue: On Stage (High School Edition)” (˜Detetive: No Palco – edição colegial”, em tradução livre do inglês) tem sido a peça mais licenciada pela BLG em escolas secundárias nos últimos quatro anos, e essa tendência deve continuar com as produções programadas para o ano letivo de 2024-25.
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A BLG afirma que a versão escolar de “Detetive” sozinha gera de forma consistente receitas na casa dos seis e sete dígitos anualmente. Esse é um território normalmente reservado para os populares musicais representados pela BLG, como “Ride the Cyclone” ou “Escape to Margaritaville” de Jimmy Buffett.
Embora geralmente mais lucrativos que as peças, os musicais costumam incluir materiais complementares obrigatórios, como orquestrações. “Detetive”, como pacote, é mais acessível do que um musical típico.
Na Francis Lewis High School, “Detetive” é a primeira peça não musical escolhida por Marci Contino em sua carreira de duas décadas como diretora de teatro. Ela acolheu a mudança em relação às suas escolhas habituais de musicais, pois significava uma redução nas demandas de coordenar rotinas de dança com a orquestra da escola.
Mas uma surpresa maior foi que, em vez de atrair apenas o grupo habitual de estudantes interessados em teatro para produções anteriores como “Grease” ou “In the Heights”, “Detetive” ampliou o interesse. Quase 80 estudantes entusiasmados compareceram às audições, bem acima da média de 17 nos anos anteriores.
Contino atribui o aumento do interesse à crescente popularidade dos mistérios na cultura pop em geral, com podcasts no topo das paradas da Apple, e filmes como “Knives Out” (“Entre Facas e Segredos”, no Brasil) e sucessos de streaming como “Only Murders in the Building” (“Homicídios ao Domicílio”, na versão nacional), do Hulu, que tem como estrela Selena Gomez, uma favorita da Geração Z. As pessoas simplesmente não se cansam de assassinatos e enganos, “além de ser engraçado e não, tipo, uma peça de suspense assustadora”, diz Contino.
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A ironia é que “Detetive” nunca chegou a um palco da Broadway antes de ser licenciada para o mercado escolar. Tipicamente, o entusiasmo no mercado de teatro educacional surge do sucesso na Broadway, onde algo como “Chicago” desperta interesse nacional que se espalha até as salas de aula.
Em vez disso, a divisão de desenvolvimento de conteúdo da BLG, Stageworks Productions, trabalhou ao lado da empresa de produção teatral Araca Group e da Lively McCabe, uma firma de Nova Jersey que desenvolve e adquire direitos autorais nativos do teatro, para obter insights diretamente da Hasbro na criação de uma adaptação ao vivo. Após uma produção inicial em 2017, a Stageworks ajustou a peça para se adequar ao mercado educacional em 2020.
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