
Ferrari, Chanel, Goyard: por que grandes marcas de luxo não participam da Black Friday?

Pode procurar à vontade: você não vai achar nenhuma promoção de Black Friday para os veículos 0 km da Ferrari. Também não vai ver anúncio com descontos na compra de relógio Rolex, nem das bolsas originais da Hermès ou da Louis Vitton.
O mercado de luxo ignora solenemente a Black Friday, assim como as liquidações de verão e inverno. Não há preocupação com queima de estoque. Pagar caro por um produto exclusivo é justamente o marketing das marcas que compõem este seleto grupo.
A Black Friday nasceu nos Estados Unidos para atender a um mercado de alto volume. No Brasil, ela foi pensada para fazer o consumidor gastar antes do Natal e funciona para produtos de alto consumo e de valores mais baixos. É justamente o oposto do que trabalha o mercado de luxo.

Lorenzo Merlino, estilista e professor da FAAP (Centro Universitário Armando Alvares Penteado), explica que muitas marcas do mercado de luxo não fazem liquidação como forma de valorizar o produto. “E para não educar o consumidor a esperar por essas promoções”, afirma. “Liquidação tem uma reverberação extremamente negativa para a marca, que é fazer o consumidor esperar a época das promoções para comprar. O consumidor pensa: ‘por que vou comprar agora se daqui seis meses terei o produto por preço menor?’”
Existem cinco grandes marcas do mundo da moda que nunca fazem liquidação: Chanel, Louis Vitton, Hermès, Goyard e Loro Piana. Nem na Black Friday, nem depois do Natal e, tampouco, na troca de estação.
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“São marcas que têm filas na frente de suas lojas em Paris”, destaca Merlino. “É exatamente por saber que é um dos produtos mais caros do mercado que o consumidor fica mais impelido a comprar.”