Em reunião do G20, Haddad defende capitalizar bancos multilaterais e aumentar peso de emergentes

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No discurso de abertura da segunda reunião da trilha de finanças do G20, o ministro Fernando Haddad (Fazenda) defendeu aumentar o peso de emergentes e capitalizar os bancos multilaterais, como o Banco Mundial e o Banco Inter-Americano de Desenvolvimento (BID), para financiar respostas a desafios como a crise climática e o aumento da fome.

A reforma da governança das instituições financeiras internacionais é o tema do encontro, que acontece em Washington (EUA) nesta quinta-feira (18) no FMI (Fundo Monetário Internacional). O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, também participa.

Antes da reunião, ele se encontrou com a ex-presidente Dilma Rousseff em seu hotel. A petista hoje presidente o New Development Bank (NDB), conhecido como banco dos Brics.

O uso de bancos multilaterais é visto como uma saída para ajudar países pobres e em desenvolvimento a bancarem projetos em transição energética e aplacarem o aumento da fome observado no pós-pandemia.

Em um contexto de tensão geopolítica com a China, essas instituições também são vistas pelos Estados Unidos como uma forma de combater a influência asiática sobre países em desenvolvimento, oferecendo uma alternativa de financiamento via organismos internacionais.

Em seu discurso, Haddad defendeu a necessidade de ampliar a representatividade de países em desenvolvimento, facilitar o acesso a financiamento e elevar a capitalização desses bancos. Embora os modelos variem, em geral são os países-membros que bancam esses organismos, por meio de contribuições proporcionais à sua participação, frequentemente vinculada também ao peso decisório -o que favorece os países ricos.

“No centro desses esforços está a necessidade de garantir que o apoio dos Bancos Multilaterais de Desenvolvimento seja orientado pelas prioridades nacionais de desenvolvimento, proporcionando benefícios tangíveis aos países beneficiários”, disse Haddad, ecoando críticas de emergentes de que não conseguem usar esses recursos como desejam porque o dinheiro vem carimbado para usos específicos.

O ministro afirmou que o Brasil está trabalhando na formulação de um roteiro para tornar os bancos “melhores, maiores e mais eficazes”. O documento será submetido para aprovação do G20 na quarta reunião do grupo, em outubro.

“Entre os componentes centrais do Roteiro do G20 está o incentivo a compromissos ambiciosos para a reposição do capital e a expansão das janelas concessionais dos Bancos Multilaterais de Desenvolvimento. Além disso, estamos avançando nas discussões sobre o aumento geral de capital e a possível criação de um mecanismo de revisão das necessidades de capital dessas instituições, de modo a garantir que elas continuem aptas a cumprir seus mandatos e alcançar objetivos globais mais ambiciosos”, disse.

Haddad também afirmou que pretende levar as propostas a outros órgãos multilaterais.

Na noite de quarta, houve um jantar do G20, no qual a economista Esther Duflo apresentou sua proposta de taxação dos super-ricos, em linha com a agenda brasileira.

O bloco é presidido pelo Brasil neste ano, que apresentou uma lista de prioridades para o bloco. O primeiro encontro da trilha de finanças foi realizado em São Paulo em fevereiro. O próximo acontece em julho no Rio de Janeiro.

Nesta quinta, o ministro ainda tem duas reuniões bilaterais, uma com o senador americano Bernie Sanders sobre taxação dos ricos, e outra com o ministro das Finanças chinês, Lan Fo’an.

 

FERNANDA PERRIN
WASHINGTON, EUA (FOLHAPRESS)


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