O dólar abriu em leve queda frente ao real nesta terça-feira (6), de olho na estabilização da moeda norte-americana no exterior após salto recente, com o foco em falas de dirigentes do Fed (Federal Reserve, o BC dos EUA) e após o Banco Central reforçar cautela com o afrouxamento monetário no Brasil em ata do Copom (Comitê de Política Monetária) divulgada mais cedo.
Às 9h03, o dólar recuava 0,10% e estava cotado a R$ 4,9770 na venda.
Na segunda-feira (5), a divisa fechou em alta de 0,27%, cotada a R$ 4,981. A Bolsa avançou 0,32%, aos 127.592,38 pontos, puxada pela cena corporativa.
O pregão foi marcado pelas falas de Jerome Powell, presidente do Fed, no programa “60 Minutes” da CBS, no domingo.
Powell minimizou as chances de cortes iminentes na taxa de juros norte-americana, referência para os mercados globais.
“A atitude prudente a ser tomada é dar um tempo e verificar se os dados confirmam que a inflação está caindo para 2% de forma sustentável. Queremos abordar essa questão com cuidado”, disse.
Os operadores também digeriam dados do mercado de trabalho e de atividade do setor de serviços dos EUA, que superaram as expectativas dos analistas consultados pela Reuters.
O ‘payroll’ trouxe a abertura de 353 mil vagas de emprego no mês passado, ante projeção de 180 mil. Já o PMI de serviços aumentou de 50,5 em dezembro para 53,4 em janeiro, contra expectativa de 52,0. Leituras acima de 50 indicam expansão da atividade.
Os dados indicam uma economia forte e resiliente. “Então, o Fed tem que tentar conter esta inflação com juros”, afirmou o diretor da Correparti Corretora, Jefferson Rugik, à Reuters.
Quanto mais tarde o Fed começar a reduzir os juros, mais o dólar tende a se beneficiar, já que investimentos de renda fixa denominados na moeda ficam mais atraentes em termos de rentabilidade. Por causa disso, a moeda norte-americana, assim que os dados do PMI foram publicados, teve forte avanço e atingiu a marca psicológica de R$ 5 na sessão de segunda, perdendo força ao longo do dia.
Entre as altas na Bolsa, bancos registraram ganhos antes da divulgação dos balanços corporativos do último trimestre de 2023. Bradesco (2,02%) e Itaú (1,89%) foram destaque.
Petrobras avançou 0,44 %, na esteira dos preços do barril de petróleo tipo Brent no exterior.
Entre as quedas, destaque para Arezzo&Co e Grupo Soma, que formalizaram o acordo que deve formar a maior gigante do varejo de moda brasileiro, com faturamento de R$ 12 bilhões. Os detalhes do acordo, porém, frustraram o mercado.
Segundo Alexandre Birman, CEO da Arezzo&Co, o primeiro ano após a aquisição do Grupo Soma será focado na reorganização da empresa e na identificação de sinergias. A expectativa é que a nova companhia comece a crescer em receita a partir do ano que vem. Os acionistas da calçadista serão titulares de 54% de participação, e os restantes 46% serão do Grupo Soma.
Com isso, Soma teve a maior queda do pregão, a 6,74%, enquanto a Arezzo fechou com recuo de 5,59%.
A Vale também estava no foco. Uma das empresas de maior peso no Ibovespa, a mineradora fechou em queda de 0,86%, na esteira do recuo do minério de ferro na China e a persistente cautela em relação ao setor imobiliário chinês.
A agenda do Congresso Nacional deve ser destaque ao longo dos próximos dias, já que os parlamentares retomaram suas atividades na segunda.
O líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (sem partido), disse que o governo está disposto a discutir a reoneração da folha de pagamentos de 17 setores por projeto de lei, em meio a uma disputa entre a equipe econômica e o Legislativo sobre o tema.
A semana trará ainda os dados de janeiro do IPCA.