
Nova política reduz dividendos da Petrobras em cerca de R$ 5 bilhões
A política anterior previa o pagamento de 60% desse indicador. O Ineep calcula que, se mantida, geraria dividendos de quase R$ 20 bilhões
NICOLA PAMPLONA
RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS)
A nova política de remuneração aos acionistas da Petrobras reduziu em cerca de R$ 5 bilhões o valor dos dividendos distribuídos no segundo trimestre, segundo cálculo do Ineep (Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis).
A estatal anunciou que pagará R$ 15 bilhões pelo resultado do período, já de acordo com a política que garante aos acionistas 45% do fluxo de caixa livre, diferença entre a geração de caixa e os investimentos feitos pela companhia no trimestre.
A política anterior previa o pagamento de 60% desse indicador. O Ineep calcula que, se mantida, geraria dividendos de quase R$ 20 bilhões. Maior acionista da estatal, o governo também perdeu dividendos: teria direito a R$ 5,7 bilhões na política anterior e acabará ficando com R$ 4,3 bilhões.
No primeiro trimestre de 2023, ainda com a política de remuneração antiga e lucro 24,6% superior, a empresa distribuiu R$ 24,7 bilhões.
“O menor valor distribuído na forma de dividendos no segundo trimestre reflete, em primeiro lugar, a queda nos preços do barril no mercado internacional e dos derivados no mercado interno, o que afetou a receita da empresa e, em segundo lugar, a mudança na política de remuneração dos acionistas”, disse o diretor técnico do Ineep, Mahatma dos Santos.
Promessa de campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a mudança nos dividendos da Petrobras foi sacramentada em reunião do conselho de administração da companhia na sexta-feira (28).
A diretoria propôs um percentual entre 40% e 50% do fluxo de caixa livre e enfrentou resistências dos representantes de acionistas minoritários, contrários à mudança. Por fim, chegou-se ao valor intermediário.
A alteração, porém, foi bem recebida pelo mercado financeiro, que entende que a regra estabelecida garante previsibilidade a investidores, ao mesmo tempo que não reduziu drasticamente a remuneração.
“O mercado sempre precifica o pior, mas muito pouco mudou”, disse no dia seguinte o assessor de investimentos Gabriel Meira, da Valor Investimentos. “O valor dos dividendos ainda é muito grande e o governo também é acionista. Se houver uma redução drástica, o governo também deixa de arrecadar.”
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