Entenda as possíveis mudanças nas metas de inflação e o que o mercado espera do CMN

1

O mercado financeiro monitora com atenção porque o debate sobre o aumento da meta de inflação chegou a ganhar força no governo Lula

O Conselho Monetário Nacional (CMN) se reúne nesta quinta-feira, 29 para uma das reuniões mais aguardadas dos últimos anos. O órgão deve definir dois pontos importantes para o rumo da economia do País: qual será a meta de inflação para 2026 – além da confirmação dos alvos para 2024 e 2025 -, e se essa meta a ser perseguida será pelo regime de ano-calendário (janeiro a dezembro) ou contínuo.

O mercado financeiro monitora o encontro com atenção porque o debate sobre o aumento da meta de inflação chegou a ganhar força no governo Luiz Inácio Lula da Silva, o que não seria bem recebido pelos investidores.

Atualmente, o alvo a ser perseguido para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para os próximos dois anos está em 3%, e a expectativa é que esse número não seja alterado e até mantido para 2026, assim como a margem de tolerância, de 1,5 ponto porcentual para mais ou para menos. O que se espera é a alteração da apuração da inflação de ano-calendário para contínuo.

“A possibilidade de alteração da meta foi muito mal vista pelo mercado, porque tira a credibilidade da política monetária. Quando a discussão começou em janeiro e fevereiro, as expectativas de inflação de longo prazo desancoraram”, afirmou Rafaela Vitória, economista-chefe do banco Inter.

Ao fomentar esse tipo de debate, a visão do governo era a de que um aumento da meta de inflação abriria espaço para uma queda da taxa básica de juros. Mas o que parte dos economistas argumenta é que essa mudança pode ser um tiro no pé. Apenas faria com que o mercado enxergasse uma tolerância maior da equipe econômica com a inflação, não necessariamente resultando em juros mais baixos para a economia brasileira.

“Pelas ausências de informação em contrário, parece que essa (meta de 3%) é a direção na qual o governo está caminhando. Se de fato for confirmada, será uma boa notícia para a economia brasileira, reforçando a ideia de que há uma aversão da sociedade à inflação e de que o controle da inflação é uma política de Estado”, afirmou Mario Mesquita, economista-chefe do Itaú, na manhã desta quinta-feira, em evento promovido pelo banco.

De fato, o debate sobre alterar a meta de inflação perdeu força ao longo das últimas semanas, o que ajudou a melhorar as expectativas para o IPCA dos próximos anos. Nesse contexto, em agosto, o Banco Central deve iniciar o ciclo de redução da taxa básica de juros, segundo a projeção do mercado financeiro. “Uma decisão que atrapalhe a reancoragem das expectativas atrapalha a própria flexibilização monetária”, diz Mesquita.

O CMN é composto pelo presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e pela ministra do Planejamento, Simone Tebet, e tem como um dos objetivos definir a meta de inflação com uma antecedência de 18 meses.

Mudança para meta contínua

O que os economistas recebem bem é uma eventual mudança para o regime de meta contínua. Seria, de acordo com eles, uma subida de patamar na condução da política monetária brasileira. O primeiro passo se deu com o estabelecimento de um número para meta de inflação igual ao de economias emergentes, como Chile, Colômbia e México.


Aguarde um momento, estamos gerando o seu link para Download.

Gerando Link

0%

Deixe um comentário

close