
Energia e alimentos pressionam IPCA em setembro
A inflação brasileira ganhou força em setembro diante dos primeiros efeitos da estiagem que atinge o país. Sob peso dos preços de energia elétrica e alimentos, a taxa em 12 meses acelerou ainda mais em meio à expectativa de maior aperto monetário no país.
O Índice Nacional de Preços ao Con: sumidor Amplo (IPCA) subiu 0,44% em setembro, após recuo de 0,02% em agosto, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira.
Nos 12 meses até setembro, o IPCA passou a avançar 4,42%, de 4,24% no mês anterior, aproximando-se do teto da meta de inflação de 3,0% com margem de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.
Os resultados ficaram ligeiramente abaixo das expectativas em pesquisa da Reuters de altas de 0,46% na comparação mensal e de 4,43% em 12 meses.
LEIA MAIS: Campos Neto e ata do Copom mostram pessimismo com inflação e política fiscal
O Banco Central passou a ver um cenário com risco mais elevado de alta da inflação à frente, em meio a uma economia e um mercado de trabalho aquecidos, e elevou a taxa básica de juros no mês passado em 0,25 ponto percentual, a 10,75% ao ano.
Também estão no foco os efeitos da desvalorização do real, que pressiona as matérias-primas, além da bandeira vermelha nas tarifas de energia e as recentes queimadas e estiagem no país, que tendem a encarecer os preços dos alimentos.
A expectativa é de que o BC continue a apertar a política monetária, com o mercado projetando que a Selic termine este ano em 11,75%, segundo a pesquisa Focus mais recente.
Mesmo antes da divulgação dos dados, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, comentou o resultado do IPCA.
“O dado de hoje do IPCA demonstra claramente que os núcleos estão bem comportados, mas que a seca está afetando dois preços importantes, que é energia e alimentos”, disse ele a jornalistas.
“Isso não tem a ver com o juro … tem a ver com o fato de que tem um choque de oferta em virtude da seca, que traz problemas para a inflação. Mas isso tem que ser analisado com a devida cautela, não tomar uma decisão equivocada em função de uma questão climática temporária”, completou.
LEIA MAIS: Juros em alta, inflação em baixa: a melhor hora para guardar dinheiro
Em setembro, os custos da energia elétrica residencial subiram 5,36%, após queda de 2,77% em agosto, com a vigência da bandeira tarifária vermelha patamar 1, que acrescenta 4,463 reais a cada 100kwh consumidos.
Isso levou a alta dos preços do grupo Habitação a uma taxa de 1,80%, após queda de 0,51% no mês anterior.
“A mudança de bandeira tarifária de verde em agosto, onde não havia cobrança adicional nas contas de luz, para vermelha patamar 1, por causa do nível dos reservatórios, foi o principal motivo para essa alta”, disse o gerente da pesquisa do IBGE, André Almeida.
Aguarde um momento, estamos gerando o seu link para Download.
Gerando Link
0%