Empresas do RS registram queda de até 20% no faturamento, diz Ita
O Itaú Unibanco disse que todos os setores econômicos do Rio Grande do Sul registram uma perda significativa de receita por conta das fortes chuvas que atingiram a região ao longo da última semana.
“Todos eles, naturalmente, estão tendo quedas acima de 20%, 15% ao ano nos seus faturamentos”, afirmou Milton Maluhy, presidente do Itaú, nesta terça-feira (7).
Os números são fruto do Idat (Daily Activity Tracker), índice do banco que mede a atividade econômica no Brasil diariamente por meio das transações de seus clientes e via suas plataformas, como maquininhas de adquirência.
“Temos acompanhado de perto, monitorado, mas ainda é muito cedo para ter uma ideia do tamanho do impacto”, afirmou Maluhy durante entrevista a jornalistas para comentar o balanço do banco referente ao primeiro trimestre deste ano.
Segundo o executivo, porém, a tragédia não deve ter impactos significativos no balanço do Itaú. “O mais importante é que, neste momento, com as informações que a gente tem, a gente não vê um impacto relevante no balanço do banco como um todo, mas sim relevante para o estado e para a região.”
Nos primeiros três meses de 2024, o Itaú lucrou R$ 9,771 bilhões, 15,8% a mais que o registrado no mesmo período de 2023 e 3,9% acima do resultado do quarto trimestre do ano passado. A rentabilidade do banco medida pelo ROE (retorno recorrente sobre o patrimônio líquido médio anualizado) também melhorou em ambas as comparações: ele foi a 21,9%, ante 20,7% há um ano e 21,2% há um trimestre.
“Agora, a nossa maior preocupação é cuidar dos nossos clientes e colaboradores, da comunidade, para, no tempo, entendermos e termos um pouco mais de percepção dos impactos mais econômicos para o banco”, disse Maluhy.
Segundo o executivo, ele trocou mensagens com o governador Eduardo Leite (PSDB) durante o final de semana para oferecer ajuda. “O governador sabe que pode contar com nosso apoio. Continuaremos muito próximos nesses dias.”
Na noite de segunda (6), o banco anunciou para pessoas jurídicas a suspensão de mensalidades e tarifas de conta corrente e das maquininhas da Rede por pelo menos três meses, repactuações de parcelamentos, manutenção de limites de crédito e disponibilização de novas linhas especiais, e suspensão temporária de cobranças dos clientes em atraso (mesmo aqueles que já deviam antes da tragédia).
Para pessoas físicas, as principais ações são isenção de tarifas e anuidade, suspensão de encargos de parcelamento de fatura e, possivelmente, estorno de tarifas e juros.
Para os funcionários no Rio Grande do Sul que tiveram perdas materiais, o banco dará vouchers para aquisição de itens perdidos nas chuvas. Também será feita a adoção do trabalho remoto e adiantamento de 50% do 13º e do 14º salários.
Além disso, o banco firmou acordo de R$ 5 milhões com a companhia aérea Azul para custear voos humanitários para a região, com itens como doações e mantimentos. “O CEO da Azul, John Rodgerson, me procurou ontem para essa parceria”, disse Maluhy.
Há ainda uma doação de R$ 5 milhões para a ONG União Brasil, e incentivo à doação de funcionários, nas quais os valores serão duplicados pelo banco.
JÚLIA MOURA
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)