Ação em foco: as oportunidades e riscos do Banco do Brasil (BBSA3) 

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As ações do Banco do Brasil acumulam uma alta de 95% desde 2022, mas para boa parte dos especialistas o desempenho ainda não reflete todo o potencial da instituição fundada por D. Pedro II há 171 anos.

Recentemente, a direção do BB reiterou a estimativa de apresentar um lucro entre R$ 37 bilhões e R$ 40 bilhões no encerramento do ano. Caso se confirme, estamos falando de um aumento entre 4% e 12% em relação a 2023. No primeiro semestre, R$ 18,8 bilhões já foram cumpridos, em linha com a meta.

Quando se trata de bancos, o indicador financeiro mais observado é o retorno sobre o patrimônio líquido (ROE, na sigla em inglês). Significa o seguinte: se um banco fosse liquidar suas operações, teria de devolver o dinheiro dos correntistas e pagar suas dívidas (como os CDBs que emitiu). O que sobra é o patrimônio da instituição – basicamente bilhões e bilhões em ativos como títulos públicos. A fortuna teria de ser dividida entre os donos (os acionistas). Na prática, então, esse patrimônio é o investimento que os acionistas fazem no banco para obter retorno.

Do ponto de vista do mercado, retornos acima de 20% são um bom sinal de saúde financeira. E o BB está nesse clube. O ROE do segundo trimestre ficou em 21,6%. Entre as maiores instituições financeiras do país está atrás de Nubank (28%) e Itaú (22,4%), mas bem à frente de Santander (15,5%) e Bradesco (11,4%).

Carlos Daltozo, head de análise da Eleven Financial, lembra que o BB começou a virar o jogo em 2022, após ficar praticamente uma década entregando rentabilidade abaixo dos principais concorrentes privados. A partir de então, o banco vem em uma crescente.

A margem financeira bruta do BB encerrou o primeiro semestre deste ano em R$ 51,3 bilhões, um aumento de 16,4% frente ao mesmo período de 2023, o que fez a instituição elevar a expectativa para o fim do ano – de um avanço entre 7% e 11% para uma faixa entre 10% e 13%.

Essa conta representa o resultado líquido das operações de intermediação financeira – antes da provisão para o risco de crédito, que é uma reserva de capital feita pelos bancos para cobrir possíveis eventos de inadimplência (mais sobre isso adiante).

Produtor rural: o fiel da balança

A atuação junto ao agronegócio é de extrema importância para o BB. O segmento representa mais de um terço de sua carteira de crédito, que teve um crescimento de 11,5% em 12 meses (dados do final de junho). Sozinhos, os empréstimos da categoria agro superaram os de pessoas físicas e jurídicas. E o salto deles foi de 16,6% no mesmo intervalo.

Tudo muito bom, não fosse o fato de que a inadimplência no agronegócio começou a pressionar as contas gerais do BB. Esse foi o principal gatilho para a decisão de ajustar para cima o volume total de Provisões para Créditos de Liquidação Duvidosa (PCLD) estimado para 2024. A projeção, que era de R$ 27 bilhões a R$ 30 bilhões, subiu para R$ 31 bilhões a R$ 34 bilhões. Ao fim de junho, estava em R$ 16,3 bilhões.

Em teleconferência sobre os resultados, a direção do banco buscou tranquilizar os analistas sobre a decisão e bateu na tecla da prudência. Geovanne Tobias, vice-presidente de gestão financeira e relações com investidores, destacou que o BB já conduz há meses campanhas específicas para cobrar dívidas de maneira geral, o que resultou em um volume recorde de recuperação de créditos: R$ 3 bilhões no segundo trimestre.

Sobre o aumento das provisões para cobrir eventuais calotes, Tobias explicou que a situação atual no campo é bem diferente de quando os orçamentos foram feitos, no fim de 2023.

Na época, o país vinha de safras recordes, com os preços das commodities agrícolas extremamente favoráveis ao produtor – cenário que foi mudando ao longo deste ano, com quebras de produção e preços mais baixos. Isso fez com que alguns clientes atrasassem os pagamentos.

Mas como “motivar” a regularização das dívidas? Para obter recursos para o próximo plantio, por exemplo, o produtor rural precisa resolver as pendências com o banco, explica Felipe Prince, vice-presidente de controles internos e gestão de riscos do BB.

De acordo com ele, o segmento é o que demanda hoje o maior esforço de cobrança da instituição, com uma equipe empenhada em promover os acordos e acelerar a concessão de novos empréstimos. Em julho deste ano, o BB anunciou o maior Plano Safra de sua história, com R$ 260 bilhões previstos para o financiamento do ciclo 2024/2025, um montante 13% maior em relação ao anterior.


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