Guerra tem impacto limitado na economia, a não ser que Irã se envolva

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Segundo economistas, mesmo a alta nos preços do petróleo e do gás natural nesta segunda-feira (9) têm efeitos limitados

A guerra de Israel contra o Hamas não deve ter grandes impactos na economia global. Pelo menos, não neste primeiro momento.

Segundo economistas, mesmo a alta nos preços do petróleo e do gás natural nesta segunda-feira (9) têm efeitos limitados. O mais importante para os mercados é a política fiscal dos Estados Unidos.

No último mês, investidores passaram a precificar a possibilidade de os juros americanos ficarem acima de 5% por mais tempo para combater a inflação no país, o que pode gerar uma desaceleração na atividade econômica global.

O movimento se intensificou na semana passada com dados que demonstraram um mercado de trabalho mais forte do que o esperado nos EUA, e os juros americanos chegaram aos maiores patamares desde antes da crise financeira de 2008.

“O conflito é secundário em relação à alta nos juros americanos e deve só acentuar o [movimento] que começou na semana passada. A atenção está no que o BC dos EUA vai fazer”, diz Thaís Marzola Zara, economista da consultoria LCA.

Por mais que o confronto, de início, não tenha grandes impactos econômicos, possíveis desdobramentos podem ocorrer. Caso Líbano e Irã se envolvam no conflito, o preço das commodities deve subir, dizem especialistas.

O mercado aguarda a reunião de emergência da Liga Árabe nesta quarta-feira (10), que irá discutir o conflito.

Uma eventual entrada do Líbano na guerra significaria uma escalada da tensão na região. Já a participação do Irã pode ter impactos diretos na produção mundial de petróleo.

O Irã é o 9º maior produtor mundial, segundo relatório da IEA (Agência Internacional de Energia) de julho deste ano, e vinha ampliando sua produção apesar das sanções dos EUA.

Caso a guerra impacte a produção iraniana, o barril de petróleo deve subir US$ 1 a cada 100 mil barris a menos do país, diz análise do Goldman Sachs.

“O receio no mercado de petróleo é o Irã fechar o Estreito de Ormuz e, nesse caso, teremos uma crise sem precedentes”, diz o CBIE (Centro Brasileiro de Infraestrutura).

Com essa possibilidade em vista, o barril de petróleo Brent (referência internacional) saltou 4,20% nesta segunda, para US$ 88,15. O WTI (petróleo dos EUA) subiu 4,34%, para US$ 86,38.

O gás natural teve alta de 1,14%, para US$ 3,376. A alta vem depois que Israel pediu que a Chevron suspendesse operações em um campo de extração por razões de segurança.

Segundo o Goldman Sachs, essa parada retira do mercado cerca de 1,5% da oferta global de gás natural liquefeito. Mesmo assim, o risco é limitado, já que a Europa está com estoques recordes.

Para analistas, essa valorização das commodities é especulativa. “O Oriente Médio é muito importante no mercado de petróleo e gás, e o conflito assusta o setor. Os importadores correm para comprar e estocar [as commodities] antes de avaliar a gravidade da situação”, diz Paulo Ferracioli, professor de políticas de comércio exterior e de economia no FGV Management.

Impacto doméstico

A Petrobras e analistas dizem que ainda é cedo para avaliar o real impacto da escalada das matérias-primas sobre o mercado e suas consequências sobre os preços dos combustíveis no Brasil.

Segundo o presidente da companhia, Jean Paul Prates, a estatal tem condições de suportar cenários de grande volatilidade. “Vamos acompanhar, tentando mitigar a volatilidade para manter os preços mais ou menos estáveis.”

Ele não descartou, porém, aumentos nos preços internos caso as cotações do petróleo permaneçam muito tempo em elevados patamares. “Se tiver de ter ajuste, a gente vai fazer ajuste”, afirmou, lembrando que gasolina e diesel vivem hoje situações diferentes no mercado global.


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