Economistas sugerem planejamento após renegociações do Desenrola

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Com R$ 8,1 bilhões de dívidas bancárias renegociadas, segundo balanço mais recente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), o programa Desenrola completou o primeiro mês na última quinta-feira (17) com 985 mil clientes atendidos.

Apesar do sucesso da iniciativa, que será expandida para débitos não bancários nas próximas semanas, economistas recomendam cuidados com o consumidor que limpa o nome.

A principal crítica diz respeito à falta de educação financeira na primeira fase do programa, que retirou dos cadastros negativos dívidas de até R$ 100 e está refinanciando débitos com instituições financeiras de clientes que ganham até R$ 20 mil. Sem o planejamento devido, advertem os economistas, o alívio pode durar pouco, com o correntista endividando-se novamente.

O principal ponto de atenção diz respeito aos débitos de até R$ 100. Como condição para aderirem ao Desenrola, as instituições financeiras limparam o nome de quem devia até esse valor, mas os débitos não deixaram de existir, continuando a ser corrigidos com juros.

“Essa medida teve como objetivo liberar o consumo. Quando há a desnegativação, o consumidor pode voltar a fazer crediário, mas isso não implica a quitação da dívida”, esclarece o professor de Finanças do Ibmec Gilberto Braga,. Com juros médios de 59,9% ao ano no crédito a pessoas físicas, segundo o dado mais recente do Banco Central, esses débitos dobram em um ano e meio.

Cadastro negativo

Segundo a Febraban, cinco milhões de registros de dívidas de até R$ 100 foram retirados dos cadastros negativos até 27 de julho deste ano, quando o processo foi encerrado.

Na maior parte dos casos, os débitos nesse valor dizem respeito a contas esquecidas nas instituições financeiras sobre as quais continuam a incidir tarifas. No entanto, muitos correntistas nem sequer chegaram a saber da existência desses débitos porque não verificaram o extrato das contas ou das carteiras virtuais.


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“Na realidade, todo mundo precisa ter muito cuidado. A primeira providência, sendo retirado do cadastro de inadimplentes, é imediatamente quitar essa dívida de pequeno valor o mais rapidamente possível”, alerta o coordenador do MBA de Gestão Financeira da Fundação Getulio Vargas (FGV), Ricardo Teixeira.

Educação financeira

Em relação à Faixa 2 do Desenrola, os economistas concordam com a necessidade de planejamento por parte dos correntistas para não se endividar após a renegociação.

“Para quem parcelou débitos, o melhor a fazer é honrar esses compromissos renegociados. A ideia é primeiramente quitar esses compromissos para depois, se for o caso, se endividar”, argumenta Teixeira.

“Se na renegociação a parcela ficar muito baixa, permitindo que, com segurança, volte a consumir imediatamente, pode fazer isso, mas dentro de um planejamento muito responsável”, acrescenta.

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