As taxas de juros futuros, especialmente os de longo prazo, registraram queda nesta quinta-feira (4), após a decisão do Copom
Marcelo Azevedo
São Paulo, SP
As taxas de juros futuros, especialmente os de longo prazo, registraram queda nesta quinta-feira (4), após a decisão do Copom (Comitê de Política Monetária) de manter a Selic (taxa básica de juros) em 13,75% ao ano.
Os contratos com vencimento em janeiro de 2024 caíram de 13,24% para 13,21%. Os de janeiro de 2025 foram de 11,88% para 11,79%, enquanto os para 2026 saíram de 11,58% para 11,45%.
A diminuição mostra o mercado projetando um ambiente econômico mais favorável para cortes na Selic, o que deve acontecer a partir do segundo semestre. Novas altas de juros também não deverão ser necessárias para que o Banco Central (BC) controle a inflação.
O IPCA-15 (Índice de Preços ao Consumidor Amplo 15) mais recente, por exemplo, mostrou que a alta de preços no Brasil está desacelerando. Em abril, o indicador teve alta de 0,57%, a menor taxa desde 2020.
Apesar de o Copom ter mantido o tom conservador em seu comunicado sobre os juros, no qual não deu sinais de uma diminuição na Selic, a avaliação de analistas é a de que uma nova alta neste ano é improvável.
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“O Copom deu a entender que a possibilidade de subir ainda mais os juros é pequena. O BC deve manter a Selic em 13,75% por mais tempo para controlar a inflação, e o mercado já começa a projetar uma ligeira queda ainda neste ano. No longo prazo, os juros não devem se manter nesse patamar”, diz Piter Carvalho, economista-chefe da Valor Investimentos.
O Bank of America ajustou de 11% para 11,75% a projeção para a Selic no encerramento deste ano, mas agora aposta que o primeiro corte seja feito já em agosto.
Já o Bradesco manteve sua previsão de 12,25% para o nível da taxa básica de juros no fim de 2023. Para o banco, a piora das expectativas e a incerteza sobre o cenário econômico brasileiro não permitem que Copom dê sinais claros de uma diminuição nos juros, mas o início de um ciclo de cortes ainda é esperado para este ano.
O estrategista-chefe da Warren Rena, Sergio Goldestein, diz que, além de sinalizações do comitê, o cenário externo favoreceu a queda dos juros de longo prazo.
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“Alguns analistas viram sinais de maior flexibilização do tom adotado pelo Copom. Isso, somado aos problemas no setor bancário, os riscos de uma recessão nos EUA e a perspectiva de pausa por parte do Fed [Federal Reserve, o banco central americano] contribuem para a queda dos juros futuros”, afirma Goldestein.
Para o economista, mesmo que o tom usado pelo comitê tenha sido duro, é possível manter a avaliação de queda da Selic até o fim do ano.
“Independente da interpretação sobre a sinalização do Copom, a avaliação é que o discurso duro busca controlar as expectativas de inflação, mas que, em algum momento neste ano, a realidade vai se impor e o BC terá que iniciar a flexibilização [dos juros], ainda que de forma bem gradual”, afirma.
Em seu comunicado, o Copom afirma que segue considerando incertezas sobre o cenário econômico e se a estratégia de manutenção da taxa básica de juros por período prolongado será capaz de conter a inflação. Disse, ainda, que não há relação mecânica entre a diminuição da inflação e a aprovação do arcabouço fiscal.
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Por outro lado, o BC menciona a queda adicional dos preços das commodities, a possibilidade de uma desaceleração da atividade econômica global mais acentuada, puxada pelas condições adversas no sistema financeiro global, e uma redução na concessão doméstica de crédito maior do que seria compatível com o atual estágio do ciclo de política monetária.
Nos Estados Unidos, o Fed elevou as taxas do país em 0,25 ponto percentual, e o presidente da instituição, Jerome Powell, também adotou um tom rígido sobre a política de juros. Houve, porém, sinalizações de uma possível pausa na escalada das taxas, dando às autoridades tempo para avaliar as recentes falências bancárias.
Após a falência do First Republic Bank, terceira instituição financeira a colapsar nos EUA desde março, bancos regionais americanos têm registrado quedas significativas e ampliado os temores sobre o sistema financeiro do país.
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O PacWest anunciou que foi abordado por potenciais parceiros e investidores sobre uma possível venda e caiu 50.55% nesta quinta. O Western Alliance, outro importante banco regional americano, caiu 38,73% no dia.
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A crise bancária e o temor de uma recessão no país podem ser avaliadas pelo Fed como motivos para pausar a escalada de juros nos EUA, que já sente os efeitos da desaceleração econômica.